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Burnout – Eu dou conta de tudo. Até não dar mais conta de mim.


Burnout – Eu dou conta de tudo. Até não dar mais conta de mim.
Burnout – Eu dou conta de tudo. Até não dar mais conta de mim.

Tem dias em que a gente acorda já exausta. O corpo levanta, mas a cabeça pesa. O feed manda seguir em frente, a agenda pede mais entrega, e o mundo insiste que a gente tem que dar conta. E a gente dá. Até não conseguir mais.


Esse texto é um convite ao silêncio, à pausa e ao reconhecimento do que talvez você ainda não tenha colocado em palavras: o cansaço que não passa pode ter nome. E ele se chama burnout.


O que é Burnout, afinal?

Burnout é uma síndrome resultante de estresse crônico relacionado ao trabalho. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o burnout como um fenômeno ocupacional, não uma condição médica — mas com efeitos reais na saúde mental e física de quem passa por isso.


Segundo a OMS, a síndrome é caracterizada por três elementos centrais:


  1. Sensação de exaustão extrema (física e emocional)

  2. Distanciamento mental do trabalho, cinismo ou negativismo

  3. Redução da eficácia profissional


Ou seja: não é frescura, não é drama. É esgotamento legítimo — e urgente.


O peso (in)visível sobre as mulheres


Mulheres são duas vezes mais propensas a sofrer burnout do que os homens, segundo um relatório da McKinsey & LeanIn.Org de 2022.

Isso se agrava entre mulheres negras, mães, mulheres em cargos de liderança e as que atuam em ambientes predominantemente masculinos.


Na prática? O dia tem 24h, mas a jornada tem 36:


  • Você trabalha fora.

  • Volta pra casa e ainda cuida dos filhos, da louça, da roupa, das emoções de todo mundo.

  • E, se sobrar um tempo, talvez lembre de si mesma.


A conta não fecha e o corpo cobra.


Burnout não é só cansaço

É acordar com a cabeça doendo há dias.É não conseguir mais pensar com clareza. É esquecer tarefas simples. É não ter mais energia pra fazer o que antes fazia com paixão.

O burnout engana. Ele aparece disfarçado de “dia ruim”, “preguiça”, “TPM”, “falta de foco”.

Mas, quando vira rotina, ele consome a alegria de viver.


O que dizem os estudos?

  • Um artigo publicado no Journal of Women’s Health mostrou que a sobrecarga mental cumulativa nas mulheres está diretamente relacionada ao burnout e à saúde cardiovascular.

  • A Harvard Business Review apontou que as mulheres sentem mais responsabilidade emocional no ambiente de trabalho, o que gera mais desgaste.

  • No Brasil, o Ministério da Saúde já reconhece o burnout como uma das principais causas de afastamento laboral.


E o que não dizem os estudos?


Mulher, chega aqui e me escuta um pouquinho! Carta aberta da autora.


Na Disá, a gente acredita que cuidar de si mesma é o maior ato de coragem possível. Não é algo que eu tirei de um livro de autoajuda ou do Pinterest.

Eu, Fer, que estou aqui escrevendo pra vocês, aprendi essa lição a duras penas.

Depois de um combo de burnout + paralisia facial e, adivinha só? Outro burnout!


Pois é… todo esse papo de saúde mental, pausa, respiro e cuidado não me veio fácil. Aprendi do pior jeito que meu corpo não é uma máquina de produzir. Que descanso não é algo que eu devia "merecer". E que não, eu não dou conta de tudo.


Em 2021, no meio daquela época que a gente tem trauma de lembrar, eu estava lidando com tantas questões cansativas: cobranças de vida, trabalho, distância das pessoas que aliviavam meu dia, medo, insegurança e mais umas 57 bombas ao mesmo tempo. Repensando um relacionamento de 5 anos, preparando a mudança pra minha casa nova, primeira vez morando sozinha... tudo cozinhando na panela de pressão da pandemia.


Veio o primeiro burnout.


Na época, eu não entendi muito bem o que era aquilo. Mas aconteceu. E eu ignorei, porque eu "precisava estar produtiva" naquele apocalipse que a gente tava enfrentando. Afinal… saúde mental? Quem liga, né? Me atropelei e fui me arrastando.


Até que aconteceu a paralisia.Foi ali que eu entendi que o negócio era mais sério do que eu pensava.

Mas o que tem a ver a paralisia com o que tô falando aqui?

Esses dias atrás, vendo algo na TV, alguém comentou sobre o assunto e eu fui pesquisar, e pasmem:


  • Sim, burnout pode estar associado a casos de paralisia, principalmente a paralisia de Bell (paralisia facial).

  • O estresse crônico e o esgotamento profissional, característicos do burnout, podem enfraquecer o sistema imunológico a ponto de o corpo se tornar mais vulnerável a infecções virais que afetam o nervo facial.


Explicando melhor:


  • Paralisia de Bell: é uma condição em que um nervo facial é afetado, causando fraqueza ou paralisia nos músculos do rosto.

  • Burnout e imunidade: o burnout pode comprometer a imunidade, deixando o corpo mais vulnerável.

  • Casos relatados: existem relatos de paralisia facial após períodos de burnout.


Enfim. Depois de toda aquela dor – dor física, dor emocional, tristeza, angústia e tudo mais –, fui me recuperando. Não procurei ajuda psicológica na época por não entender o que aquilo significava e pensar que eram fatores apenas físicos que me deixaram daquela forma.


Mais um motivo de estar aqui escrevendo pra vocês: saber do que se trata antes do pior é importante.

Mas ainda sem saber, eu percebi que precisava de mais momentos que ajudassem a relaxar os nervos (literalmente, tava tudo travado). E assim o fiz por algum tempo. Pequenos momentos e respiros no dia. Nem que fosse a fisioterapia.


Segui nesse trabalho, nesse estresse, por mais 1 ano e meio. Quando veio a segunda crise. Na minha opinião pessoal (e experiência empírica), burnout não é algo que acaba e volta. Ele sempre esteve lá: o cansaço, a letargia, o medo. O fato de tentar pensar e parecer um carro velho que liga a ventoinha quando o motor esquenta demais.


Em junho de 2023, eu cheguei no auge do sofrimento de novo. Eu chorava no trabalho. Chorava mais ainda no home office. Um e-mail simples que levaria 3 minutos pra responder agora levava 40. O medo de errar. A falta de atenção crônica. O desespero de sentir que alguém bateu seu cérebro num liquidificador e jogou de volta na sua cabeça.


E ainda assim, eu insistia naquele lugar. Não tô falando no lugar físico, na empresa. Tô falando no lugar de "eu dou conta de tudo e mais um pouco".


Até que um dia, senti uma pequena dor no nervo do pescoço. Uma dor tão terrivelmente familiar que não me deixou dúvidas. O pânico de ter uma nova crise de paralisia me fez pedir demissão dias depois.

Ali, naquele momento, eu entendi tudo. E não pensei duas vezes.


Era um trabalho numa multinacional, num cargo bom, que me pagava muito bem, com bônus. Quase 5 anos. Tudo pro ar em um dia. Sem trabalho, sem renda, sem plano de saúde, sem grana pra terapia. Com um burnout e uma crise nas mãos, eu me senti totalmente perdida.


Minha maior sorte foi ter uma rede de apoio incrível que cuidou de mim nesse momento. Um companheiro de vida que disse: "Larga isso que eu seguro as pontas pra gente", quando eu não aguentava mais segurar nem meu peso em pé.


Com um ou dois meses, a pior fase da crise passou. Dois meses depois, criei a Disá.


Mas o burnout não é algo que vai embora. Ele deixa cicatrizes profundas que demoram a fechar. Hoje, com quase dois anos de Disá, ainda sinto alguns efeitos colaterais. Mas aprendi a respeitar meu corpo, minhas pausas, meus choros e descansos.


Comecei a Disá como um processo de cura pra mim. Um lugar seguro onde eu poderia me curar enquanto sigo com minha carreira. Porque o mundo não para pra gente sofrer, e as contas estão sempre lá.

Então queria dizer pra vocês que, quando a gente fala de pausa, cuidado e bem-estar, não é um conceito vazio. É o meu processo de cura, e eu tô compartilhando ele aqui com quem mais precisar ouvir.


Mas Fer, e agora? Como voltar pra si depois de tanto?

Amigas, não é fácil. Não vou mentir pra vocês que um dia de spa e frases de autoajuda irão resolver o problema. Mas aqui vão alguns exercícios diários pra você fazer que ajudam nesse momento. Pensa que seu cérebro se estrupiou todo nesse acidente chamado burnout e agora ele tá na fisioterapia: exercícios leves e diários, e muita calma, paciência e amor!


  1. Reconheça que você não precisa ser perfeita. Você precisa de movimento, não de perfeição.

  2. Busque apoio psicológico. Terapia não é luxo, é sobrevivência.

  3. Desacelere. Silenciar não é se omitir, é se preservar. Diminua os estimulos, fecha, exclua, bloqueia.

  4. Delegue. Você não precisa carregar o mundo sozinha. E se tentar não vai dar certo.

  5. Cerque-se de pessoas que validem o seu cansaço. Porque exaustão não é falta de força — é excesso de esforço.


Não queremos te vender um banho quente ou um creme perfumado como solução mágica, mas sim lembrar que seu corpo e sua mente precisam de pausas de verdade. E que você merece isso.

E não merece porque trabalhou demais — merece por merecer. Existencialmente. Ponto.


Se você está cansada, escute. Esse cansaço não é fraqueza. É um pedido de atenção.

Não deixe seu corpo passar do limite pra entender que você precisa se cuidar.

Se cuidem, minhas rainhas. 🤎 E se a Disá puder ajudar vocês nesse cuidado, de qualquer jeito ou momento, nossa missão aqui vai estar realizada!


Aqui vão algumas referências pra vocês saberem mais sobre:



 
 
 

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