Envelhecer sendo mulher é uma atividade de alto custo
- Fernanda Costa
- 22 de mai.
- 5 min de leitura
É só comigo ou vocês também estão sentindo que envelhecer tá caro demais?
Acho que a gente cresceu assistindo Sex and the City demais e acreditando que envelhecer era só sobre autoconfiança, maturidade e vinho com as amigas... Só esqueceram de avisar que junto vinha um combo de boletos que não para de atualizar.
Tô aqui descobrindo que fazer 30 é tipo desbloquear um combo de responsabilidades que nem existiam no nosso radar até outro dia:
Check-up hormonal (que parece que analisam até sua vida passada, de tão caro);
Reposição de vitaminas (porque o cabelo já tá caindo e a energia sumiu);
Drenagem, quiropraxia, acupuntura, terapia, nutrólogo, dermatologista, tarólogo, benzedeira... tudo junto, porque, aparentemente, sobreviver ao capitalismo exige um squad inteiro de profissionais;
E, claro, aquela conversa que começa a rondar sobre congelamento de óvulos — um orçamento que parece um financiamento imobiliário, de tão caro.
Esses dias eu descobri, da forma mais difícil, que chorar na vida adulta dá enxaqueca. Se hoje eu choro vendo uma série, amanhã acordo com dor de cabeça. Isso acontece porque o choro pode gerar tensão muscular, desidratação e até alterações nos neurotransmissores, que acabam desencadeando a enxaqueca.
Aliás, né? Enxaqueca — que, embora possa surgir em qualquer idade, é mais comum entre os 30 e os 40 anos, especialmente nas mulheres.
Aos 30, o metabolismo desacelera. Ganho de peso pode ocorrer, especialmente se houver desequilíbrios hormonais ou falta de atividade física. Também aumenta o risco para resistência à insulina, pré-diabetes e síndrome metabólica. Dá-lhe academia e suplementos.
Além disso, a partir dos 30, cresce discretamente o risco de doenças cardiovasculares, principalmente se houver histórico familiar, sedentarismo, estresse e má alimentação. E convenhamos, quem aqui não tá estressada aos 30, né?
Começa a ser relevante pensar na saúde dos ossos, porque o pico de massa óssea é até os 30, e depois disso ela estabiliza ou começa a diminuir.
Falando em músculos, a sarcopenia aparece na fila dos 30 — aquela perda gradual da massa e força muscular que começa a dar seus primeiros sinais justamente agora. Também aparecem com frequência ansiedade, síndrome da impostora, sobrecarga mental, estresse e até burnout. O combo "carreira + vida pessoal + autocobrança + redes sociais" pesa demais. Psicoterapia, mindfulness, autocuidado e desaceleração deixam de ser luxo pra virar necessidade.
A produção de colágeno começa a cair (triste, porém real). É o momento de investir num skincare sério: antioxidantes, protetor solar diário, hidratação pesada e, se quiser, procedimentos dermatológicos.
Sem falar da saúde intestinal: intestino preso, inchaço, síndrome do intestino irritável são muito comuns nessa fase.
E quando eu falo de caro, não tô nem entrando no assunto da estética (seria bem pior). É sobre saúde, funcionalidade, qualidade de vida. A gente começa a entender que nosso corpo não é uma máquina que roda pra sempre sem manutenção. E isso custa dinheiro.
E, como se não bastasse tudo isso ser essencial pra vida, já parou pra pensar que ser mulher custa mais caro? Isso tem até nome: Pink Tax. Uma injustiça onde produtos femininos — muitas vezes iguais aos masculinos, mudando só a cor ou embalagem — saem mais caros. É como se cuidar de si, ser mulher e buscar bem-estar fosse um privilégio, e não um direito básico. E o mais curioso (ou revoltante) é que isso acontece até em itens essenciais, como lâminas, desodorantes e produtos de saúde íntima.
O mercado da saúde, infelizmente, tem uma lógica comercial que enxerga na saúde da mulher uma fonte de lucro constante, o que encarece procedimentos e tratamentos.
Cuidar de si dá trabalho. E custa: dinheiro, tempo, energia, escolhas. E, por mais que sejamos uma fonte inesgotável de lucro para a indústria, pouco se investe em pesquisas de verdade para ajudar mulheres de verdade. Você sabia, por exemplo, que os testes em absorventes não são feitos com sangue real?
Um estudo recente mostrou que absorventes menstruais são testados com água ou solução salina — não com sangue real — o que reduz sua eficácia prática. Isso compromete o direito do consumidor, a saúde íntima e a confiança no produto, além de dificultar o diagnóstico de sangramentos excessivos e agravar a pobreza menstrual. A falta de transparência evidencia como a saúde da mulher ainda é negligenciada e pouco investigada.
Nem vou entrar no assunto de endometriose, DIU, implantes hormonais, vacina do HPV e por aí vai… porque aí o papo realmente pe$a — no bolso e na vida!
Esse post traz um recorte social que reflete um privilégio: o acesso à informação e aos cuidados que muitas mulheres — nossas mães, avós e tantas outras ainda hoje — não têm de forma justa e igualitária.
Num país que ainda enfrenta a pobreza menstrual, é urgente abrir espaço para um debate real sobre saúde da mulher, acessibilidade e o direito de todas terem acesso a informações e tratamentos dignos. Porque cuidar de si não pode ser luxo de poucos, mas um direito de todas.
Maaaaaaas, enquanto a mudança não bate na porta, fazemos o que dá, quando dá.
Então aqui vai uma lista de coisas que eu gostaria que você considerasse sendo uma mulher de 30 anos ou mais:
Check-list da mulher que se cuida aos 30 (ou tenta):
Check-ups anuais
Exames hormonais
Reposição de vitaminas e minerais
Terapia — indispensável, porque às vezes a cabeça pifa antes do corpo
Quiropraxia, acupuntura, benzedeira... o que funcionar pra cuidar do espírito
Nutrólogo e/ou nutricionista (projeto "não viver só de café e ansiedade")
Dermatologista (bora cuidar das pintas e manchas)
Exercício físico — não é mais sobre estética, é sobre saúde, ossos e sanidade mental
Alimentação anti-inflamatória (o corpo depois dos 30 não aceita desaforo)
Hidratação: interna e externa (beba água e passe hidratante menina)
Skincare decente: antioxidantes, protetor solar, sérum, creminhos
Fundo de emergência pra saúde — porque dá-lhe boleto de bem-estar
Conversa (nem que seja só pra entender se faz sentido pra você) sobre congelamento de óvulos
Controle do estresse — ou pelo menos tentativa (mindfulness, meditação ou sumir no mato às vezes)
Cálcio, vitamina D e fortalecimento muscular
Saúde intestinal: probióticos, fibras e tudo que faz o intestino feliz e funcionando
Observação da saúde íntima (porque a indústria ainda acha que a gente funciona igual boneca Barbie)
Consciência do Pink Tax — e, sempre que possível, consumir de marcas que combatem isso.
E, por último (mas nunca menos importante): autocuidado não é luxo, é resistência.
Porque, no fim das contas, cuidar de si não é vaidade — é sobrevivência nessa vida adulta.
E sim, envelhecer custa — tempo, dinheiro, energia —, mas custa muito mais não se cuidar. Que a gente siga escolhendo a gente, sempre que possível. Porque se o mundo insiste em ser caro, que pelo menos nossa saúde, bem-estar e sanidade sejam prioridades inegociáveis.
Se você se identifica, respira fundo, toma uma água, marca aquele check-up pendente… e bora seguir! 🤎
🔍 Referências desse post:
Enxaqueca e emoções:
Por que a enxaqueca atinge mais mulheres do que homens?
Medical News Today
Menopausa e saúde óssea
Menopausa e saúde óssea: como ficam os ossos?
Mulheres no limite: por que cuidar da saúde mental feminina é urgente?
Mulheres no limite: por que cuidar da saúde mental feminina é urgente? - Hospital Santa Mônica
Cortisol alto: quais os impactos na saúde da mulher?
Absorventes para menstruação são testados sem sangue --e isso é um problema…
O que é DIU e quanto custa colocar?
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